• Nuno Oliveira

    Durante o meu curso tive a oportunidade de colaborar com vários arquitectos, quase todos ex-professores. Desta experiência, não só a participação nos projectos em curso, decorrentes da sua actividade profissional e projectual e por essa razão uma contribuição para o meu actual exercício como arquitecto. Ainda, a realização de concursos entre outros, mantiveram o acto criativo aceso, impedindo um certo conformismo que acontece por vezes com a conclusão do curso.

    Essas experiências foram sem dúvida marcantes para o meu exercício como docente levando-me assim a iniciar uma carreira académica onde a presença actual e sistemática dos meus alunos e estagiários, mantém contínua a ambição de evoluir, meditar, criticar, equacionar a toda a hora o que faço e consequentemente o que pretendo com a arquitectura que produzo. Ao mesmo tempo contribuo para uma maior e sempre constante evolução do desempenho profissional dos novos arquitectos e futuros colegas, agora alunos, a quem considero e dedico estas palavras.

    Dessas experiências passadas, recordo com saudade o amigo e arquitecto Humberto Vieira, então professor, que em visitas ao Mosteiro de Bouro, Refoios, Cadeia da Relação e inúmeras outras, não só me proporcionou contacto directo com algumas das minhas referências como Eduardo Souto Moura, Álvaro Siza ou Fernando Távora como, sem sombra de dúvida, foram e continuam a ser uma referência para aquilo que sou como arquitecto e como professor através da forma de estar e ensinar, de ver e compreender a arquitectura e o ensino da mesma.

    Ainda no início do curso a presença de José Paulo dos Santos como professor proporcionou o contacto com arquitectos nacionais e internacionais durante o período escolar, que serviram de referência no decorrer do percurso académico e durante todo o meu percurso como profissional até hoje. A todos os professores sem distinção, alguns agora colegas, a consideração pela paixão que me deixaram pela arquitectura e pelo ensino.

    A viagem durante o curso, ao oriente e a Itália entre outros destinos, acompanhado com professores que logo se tornaram amigos como José Manuel Pedreirinho, tornaram o peso da história e da arquitectura mundial de uma forma generalizada sempre relacionada com as culturas, os locais, as gentes, numa presença constante e uma vontade actual de conhecer, viajar, procurar referências e raízes na história e arquitectura do passado bem como confrontar o que faço com aquilo que vejo, servindo essa análise para uma capacidade mais crítica do meu desempenho pessoal. Hoje como professor exalto a história, o passado e essas referências e viagens nas minhas aulas e vejo que a paixão que me foi transmitida está a ser passada para outras gerações.

    Após ter concluído o curso e ter colaborado com vários arquitectos logo comecei a descrever o meu próprio percurso.

    Paralelamente ao meu exercício como docente que comecei em 1991, tive o privilégio de contar com muitos ex-alunos e estagiários que participaram em vários momentos no meu gabinete em variadíssimos projectos, aos quais dedico estas palavras e agradeço a sua preciosa colaboração. Seria impossível citar aqui todos os nomes que marcaram o início deste percurso pelo que a todos eles saúdo e agradeço.

    O trabalho de equipa multidisciplinar com vários colegas de outras áreas como design e marketing tem garantido um processo de aprendizagem e contínua evolução dos conhecimentos. Pelo exercício profissional em escalas como o design, estudo de interiores, imagem, marcas e conceitos, de que é exemplo a encomenda actual no nosso gabinete levou à formação de um equipe multidisciplinar em vários gabinetes e laborando neste momento em vários países e localidades.

    Ainda como docente, descrevo um percurso, (confesso menos ambicioso do já sentira), onde a docência marca, quer o meu desempenho como profissional obrigando a uma constante evolução e amadurecimento dos meus conhecimentos, como me preenche profundamente e me enriquece com a experiência de lidar em termos de relações humanas com outros indivíduos que falam a mesma linguagem, tendo a possibilidade de contribuir para a formação dos novos arquitectos. O ensino da arquitectura, para além do seu objectivo científico tem a meu ver o mais importante na formação dos novos valores - a componente pedagógica. Os valores pessoais, a postura pessoal e ética mas fundamentalmente o retomar os princípios básicos e objecto primeiro do “fazer arquitectura”, que entendo ser: saber ler; saber compreender; saber propor; saber fazer a arquitectura com a verdade dos seus materiais, da sua lógica e no fim… se possível… contribuir para um mundo melhor, mais bonito, desenhando-a com a inspiração estética que cada um lhe adiciona…

    Nuno Oliveira, Arquitecto