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O conceito em arquitetura
Antes de falar sobre o conceito na arquitectura deveria escrever algo como: o que é na realidade "Conceito"?... talvez até dissertar sobre isso!... o que é? Como se define? Como se aplica?...
Para já e em termos pragmáticos é preferível reduzir ao mais elementar e básico que seria encontrar uma palavra fácil, que funcione como sinónimo no caso - A ideia!...
Esta pergunta cheia de dilemas, arrastando outras tantas perguntas na cabeça dos alunos de arquitectura, uns para de facto e com efeito, tentarem acompanhar o raciocínio dos professores e entenderem a sua linguagem, outros até e apenas para, por curiosidade, saber sobre o que estes falam!...
Claro que, mais uma vez poderíamos estar aqui a definir e divagar sobre o que é ter uma ideia, como ela surge e por fim, como se materializa numa obra, num projecto...
Essa divagação filosófica e a outra, mais prática como exercício projectual, ficam para mais tarde. Então, a ideia de arquitectura, o conceito de arquitectura, não é mais do que “apenas a única forma de a fazer”.
Logo teríamos que definir o que é uma ideia!... Se algo genial, inovador e nada previsto ou, com base em algo que vemos, conhecemos, ou apenas um conjunto de vivências e experiências, definirmos ser uma, “simples ideia”… fazer algo como…
Ainda que com um programa, com influência ou condicionante alguma, de alguma forma, o primeiro passo é sempre… uma ideia!
A verdade é que nem sempre a arquitectura foi vista como uma profissão ou desempenho criativo e artístico como se vive no momento. Neste mundo plástico, formal, “de revista” e de modas, onde a informação se repete, se vê a uma velocidade estonteante, esse acto criativo em contraposição ao racionalismo imposto pelos fundamentos da profissão, já seria outro tema… para outro capítulo!
Grandes obras a que chamamos agora de arquitectura de referência, não são mais do que meros exercícios físicos, de engenharia, de resposta clara a solicitações, a programas e despojados de conceito apriorístico ou intencional, processo que agora entendemos inevitável, imprescindível e obrigatório, ou não seja eu professor de um curso de arquitectura!... Caso contrário, estaria a pregar um ensinamento e praticar outro.
Uma vez mais divagando, deveria antecipar com um capítulo: qual o conceito, para ter conceito na arquitectura? A verdade é que é difícil é ter uma ideia e definir até onde é uma ideia…onde e a partir de quando e de que forma ela se tornou de facto … uma ideia!
Bom, a ideia de arquitectura, poderá ter partido em tempos idos de uma simples e humilde resposta aos tais requisitos, á necessidade ou mesmo a uma forma estabelecida como sendo de facto “a forma de fazer arquitectura”.
A ideia da forma das pirâmides, a ideia de uma cúpula de uma igreja gótica com as suas pinturas de céus, com se os céus ali vivessem e como se a pedra que os separa seja tão leve como uma nuvem. A ideia de uma praça ou de uma cidade planeada, a ideia de um arco de uma ponte românica ou em betão armado…
Se pegarmos no parágrafo anterior, o relermos agora com atenção e acrescermos uma suposta leitura, mais segundo a teoria da continuidade e da evolução: a forma que vem das mastabas e das pirâmides escalonadas que deu forma a aquilo que agora vemos como a pirâmide por excelência. A cúpula como resultado do cruzamento das abobadas de berço ou canhão passando pelo arco de cruzeria, passando pela intercepção nas naves. Ou pela experiência de séculos de construção de pedra e conhecimento dos seus comportamentos físicos em campo experimental.
A ideia de que os céus, sempre fizeram parte da forma arquitectónica pois a religião, as artes em geral, a politica e a economia se fundiam em interesses e formas de comunicar e controlar as diferentes classes sociais e culturais. E a experiencia dos acampamentos romanos em “cardo” e “decumano”, que marcando uma regra ou medida persiste ainda no mais básico do nosso pensamento e estrutura mental, marcada no quotidiano, no acto mais simples de medida, do passo humano repetido, do sentir o espaço em módulos que se repetem indefinidamente e infinitamente. Ou a estrutura calculada num sistema informático, para a realização de uma ponte, onde o arco e a pedra de fecho continuam a ser a razão e a lógica de todo esse calculo…
E como milhares de outras analogias, poderíamos entender “a ideia de”, “o conceito de”, como uma evolução ás vezes mais empírica ou sensitiva, outras mais amadurecida e reflectida, arrumada e definida em regras e etapas. Hoje seria bem mais importante, pensarmos mais sobre o conceito e como aplica-lo de uma forma consciente no exercício da arquitectura, e não definirmos uma ideia, um conceito como uma receita “para a arquitectura”, ou para fazer um tipo de arquitectura que reconhecemos, (hoje) e nos identificamos… apenas porque.
Deveríamos de facto e com efeito, parar para pensar o que é um conceito, uma ideia, estabelecer uma metodologia, um processamento que nos organizasse, apenas para construirmos a nossa “ideia de”, a nossa forma de chegar a uma lado, a um pensamento. Só depois deveríamos com essa estrutura mental, tentar ser capazes de aplicar um método, e com ele ver no que resultaria a tal arquitectura.
Hoje partilho e revejo-me no desenho e dedicatória que Eduardo Souto Moura me dedicou e que ostento como princípio único e básico para o meu exercício. Vivo o Meu período pós-clássico.